O Flageolet Francês
O flageolet francês é uma espécie de “primo” da flauta doce. Possui, no entanto, somente seis furos: quatro em cima para os dedos indicadores e médios de ambas as mãos e dois embaixo para os polegares. É um instrumento com uma história ininterrupta longuíssima, que se inicia no século XVI e chega até o início do século XX.
Ao contrário do csakan, que teve seu repertório voltado para a música de câmara e com caráter bastante intimista, o flageolet francês costumava ser usado em partes orquestrais. Aliás, acredita-se que boa parte do repertório hoje tocado com o flautim seja originalmente pensado para flageolet.
Os primeiros flageolets eram, em sua forma, muito parecidos com flautas doces. Somente no final do século XVIII eles passaram a ser construídos com uma espécie de barrilete na parte superior que, junto com um tubo e um bico em forma de palheta de oboé feito de marfim, osso ou madrepérola (contudo sem qualquer função vibratória), praticamente dobrou seu tamanho. Nesse tubo introduzia-se um pequeno pedaço de esponja marinha que tornava o som do instrumento mais delicado e homogêneo, além de evitar condensação no bloco (problema vivenciado em flautas doces de todas as épocas). No século XIX começou a ser construído com chaves até atingir seu apogeu com o sistema Boehm (o mesmo usado por clarinetistas até os dias de hoje). Era extremamente amado em Paris e, junto com a flauta, o violino, o piano e o trompete (esse último ad libitum), fazia parte da formação instrumental fixa das quadrilhas que eram tocadas em bailes nos grandes salões.
Com a virada do século e o declínio dos bailes, caiu em desuso até desaparecer por completo. Além do repertório orquestral e de salão, há uma quantidade considerável de peças solo destinadas a ele. Narcisse Bousquet (? – 1869) foi, talvez, seu principal expoente e seus Estudos e Grandes Caprichos são um excelente exemplo do virtuosismo que se atingiu com esse instrumento.