ocasakan

O Csakan

Ao contrário do que muitos acreditam, a flauta doce não foi extinta no século XVIII. Do começo até a metade do século XIX, ela gozou ainda de meio século de glória na forma de csakans, curiosas flautas em Lá bemol (uma terça maior abaixo da soprano) construídas, inicialmente, como bengalas que passaram a ser extremamente queridas, principalmente entre o público amador em toda a Europa Central, mais particularmente em Viena.

À medida que grandes virtuoses, como o oboísta Ernest Krähmer (1795-1837), foram surgindo, diversas modificações estruturais no csakan passaram a ser incentivadas com o intuito de torná-lo mais consistente como instrumento de concerto. A forma de bengala começou a ser abandonada e seu corpo assumiu a forma de um oboé, ganhando também uma campana; diversas chaves foram introduzidas, além de várias outras melhorias que variavam de acordo com o modelo.

É interessante ressaltar que, observando todas essas modificações, nenhum construtor pareceu se preocupar em ampliar o volume sonoro do instrumento, mas sim em potencializar as principais características da flauta doce, como delicadeza de timbre, grande agilidade, capacidade de articulação, e uni-las às novas possibilidades que surgiram com a introdução das chaves. Entre elas podemos destacar a facilidade da execução em legato mas, principalmente, o uso de dinâmica! De fato, há citações sobre Ernest Krähmer em jornais da época que relatam a maravilha do público ao presenciar não só a sua grande virtuosidade, mas também a sua incrível capacidade de sussurrar com o instrumento, a ponto de quase não poder ser ouvido!

Após a morte prematura de Krähmer, seu maior expoente, o csakan entrou em declínio até cair totalmente em desuso por volta de 1850.